Mercedes-Benz SL ‘Pagoda’: O Clássico Lendário que Marcou a História da Marca

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Se você é apaixonado por carros, especialmente pelos icônicos modelos da Mercedes-Benz, com certeza já ouviu falar do Mercedes-Benz SL, conhecido também como Pagoda. Este modelo, em particular, carrega o título de um dos carros mais longevos da história da marca, sendo um verdadeiro símbolo de inovação e elegância.

A trajetória do SL Pagoda começa no início dos anos 60, com a segunda geração, chamada W113. Durante esta época, a Mercedes buscava alcançar o mercado norte-americano, conhecido por seu apetite insaciável por motores V8 potentes e carros capazes de acelerar com rapidez. No entanto, antes de mergulharmos nas peculiaridades dessa geração, vale a pena conhecer um pouco mais sobre o que fez do Mercedes-Benz SL ‘Pagoda’ uma lenda.

O Design Elegante e a Engenharia Sofisticada

O modelo que precedeu o R107, conhecido como W113 Pagoda, era famoso pelo seu design elegante, assinado por Paul Bracq. O Pagoda encantou o público ao longo dos anos 60, com suas linhas harmoniosas que disfarçavam as limitações técnicas de seus antecessores, os robustos cupês W111. Contudo, à medida que o tempo passava, as deficiências se tornavam evidentes, como os motores de seis cilindros e a suspensão traseira por eixo oscilante, ambos considerados obsoletos quando comparados às demandas tecnológicas crescentes da época.

Em 1971, a Mercedes-Benz lançou a terceira geração do SL, conhecida pela nomenclatura R107, que foi um verdadeiro divisor de águas para a marca. O lançamento ocorreu no Autódromo de Hockenheim, no dia 14 de abril de 1971, com o 350 SL liderando a nova fase do modelo. Este modelo foi um dos últimos projetos supervisionados por Friedrich Geiger, que estava à frente do departamento de estilo da Mercedes.

O 350 SL possuía uma personalidade única, marcada pelo design atemporal e clássico criado pelo designer Joseph Gallitzendörfer. Uma das características mais notáveis eram os faróis retangulares e as lanternas traseiras que se estendiam pelos para-lamas, elementos que contribuíram para o caráter sóbrio e duradouro do veículo.

Inovação em Segurança e Conforto

Como em seu antecessor, o Pagoda, o novo R107 oferecia duas opções de capota: uma rígida removível, ideal para condições climáticas mais adversas, e uma capota de lona, pronta para enfrentar eventuais chuvas. Mas o verdadeiro destaque estava na moldura do para-brisa, desenvolvida pelo engenheiro Karl Wilfert. Esse elemento foi projetado para suportar o peso do carro em caso de capotamento, um verdadeiro marco em termos de segurança automotiva na época.

O que chamava a atenção dos entusiastas de carros logo de cara era a sensação de rigidez e solidez que o 350 SL transmitia. A construção do veículo era de uma qualidade acima da média, e o seu desempenho refletia a excelência que se espera de um modelo Mercedes-Benz.

Potência V8 e Desempenho Nas Estradas

O R107 foi desenvolvido em conjunto com o C107, um cupê de quatro lugares, ambos baseados na plataforma do sedã W114. A suspensão dianteira, projetada com braços sobrepostos, e a suspensão traseira, com braços semiarrastados, ficaram a cargo do engenheiro Rudolf Uhlenhaut, que tinha vasta experiência nas pistas de corrida.

Os freios a disco nas quatro rodas eram outro indicativo de que o 350 SL estava preparado para lidar com o novo motor V8 M116, um motor de 3,5 litros que produzia impressionantes 200 cv. Esse motor, alimentado pela injeção eletrônica Bosch D-Jetronic, permitia ao 350 SL atingir de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e alcançar uma velocidade máxima de 205 km/h, um desempenho notável para um carro que pesava pouco mais de 1,5 tonelada.

A versão com câmbio manual oferecia ainda mais agilidade, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos e uma velocidade máxima de 215 km/h. Além de ser potente, o 350 SL proporcionava uma experiência de condução refinada, sendo um verdadeiro grã-turismo, capaz de percorrer longas distâncias em alta velocidade com conforto.

O Impacto nos Estados Unidos

O público norte-americano só teve contato com o 350 SL em 1972, quando o carro foi lançado com algumas modificações para atender às normas locais. Os americanos receberam uma versão com faróis duplos do tipo sealed beam e um motor V8 M117 de 4,5 litros, mas com a potência reduzida para 190 cv, devido às restrições de emissões. Mesmo assim, o desempenho ainda era impressionante, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e uma velocidade máxima de 202 km/h.

Esse mesmo motor V8 M117 também foi utilizado na versão 450 SL lançada na Alemanha, com 225 cv. Equipado com um câmbio automático de três marchas, o desempenho do 450 SL era semelhante ao do 350 SL com câmbio manual, o que reforçou sua popularidade entre os entusiastas de alta performance.

A Crise Energética e a Chegada do 280 SL

O sucesso dos modelos 350 SL e 450 SL foi temporariamente freado pela crise energética de 1973, que afetou o mercado global de automóveis. Para se adequar aos novos tempos, a Mercedes-Benz introduziu o 280 SL em 1974, um modelo que trouxe consigo um motor de seis cilindros, o M110, com 2,8 litros e 185 cv. Esse motor utilizava injeção mecânica Bosch K-Jetronic e possuía um duplo comando de válvulas no cabeçote, garantindo um desempenho ainda robusto para a época. O 280 SL era capaz de ir de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e atingir uma velocidade máxima de 205 km/h, o que mostrava que, mesmo com um motor menor, o carro continuava a ser rápido e ágil.

Evolução dos Motores: Mais Potência e Novos Modelos

Com o passar dos anos, os motores V8 do SL foram ficando ainda maiores. Em 1980, o 350 SL foi substituído pelo 380 SL, com um motor de 3,8 litros e 218 cv, enquanto o 450 SL deu lugar ao 500 SL, que contava com um motor de 5 litros e 240 cv. Ao mesmo tempo, o 280 SL recebeu um câmbio manual de cinco marchas, ampliando as opções de condução para quem buscava uma experiência mais envolvente.

Em 1985, a Mercedes-Benz realizou mais algumas mudanças importantes. O 280 SL foi substituído pelo 300 SL, com um motor de 3 litros e 190 cv, enquanto o 380 SL foi substituído pelo 420 SL, que manteve os 218 cv, mas entregava mais torque. O 500 SL permaneceu no topo da linha, mas o destaque foi o lançamento do 560 SL, que se tornou o modelo mais potente da série, com um motor de 5,5 litros e 227 cv. Este modelo foi especialmente destinado aos mercados dos Estados Unidos, Japão e Austrália.

Um Legado que Perdura

A produção do Mercedes-Benz R107 foi encerrada em agosto de 1989, com o último modelo a sair da linha de montagem sendo um 500 SL vermelho. Ao todo, 237.287 unidades foram produzidas ao longo de 18 anos, consolidando o R107 como o carro de passeio mais longevo da história da Mercedes-Benz.

A geração que veio a seguir, o R129, também foi um sucesso de vendas, mas permaneceu no mercado por apenas 12 anos, destacando ainda mais a longevidade do R107 como um ícone inigualável da engenharia e do design automotivo.

Ficha Técnica: Mercedes-Benz 450 SL 1974

Aqui estão alguns detalhes técnicos do Mercedes-Benz 450 SL de 1974, um dos modelos mais icônicos dessa linha:

  • Motor: Dianteiro, longitudinal, V8 de 4.520 cm³ com injeção eletrônica Bosch D-Jetronic, 225 cv a 5.000 rpm e 37,7 kgfm a 3.000 rpm
  • Câmbio: Automático de 3 marchas, tração traseira
  • Carroceria: Aberta, 2 portas e 2 lugares
  • Dimensões: Comprimento de 4,39 metros, largura de 1,79 metros, altura de 1,30 metros e entre-eixos de 2,45 metros
  • Peso: 1.585 kg
  • Desempenho: Aceleração de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos e velocidade máxima de 215 km/h

Este modelo, que se destaca pelo equilíbrio entre potência, elegância e conforto, continua a ser um dos maiores ícones automotivos da Mercedes-Benz, sendo admirado por colecionadores e entusiastas ao redor do mundo.

O Valor do Legado

Atualmente, encontrar um Mercedes-Benz SL R107 em boas condições pode ser um desafio, mas para os aficionados, o investimento vale a pena. Dependendo do estado de conservação, os preços variam bastante, podendo chegar a cifras consideráveis no mercado de carros clássicos. Além disso, a valorização histórica e o prestígio associado a esse modelo tornam-no uma verdadeira joia automotiva.

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