Se você é um fã de carros, principalmente os que são fora do comum, a Adamo é uma marca que merece seu olhar. Fundada lá em 1968 pelo Milton Adamo, a empresa se tornou um símbolo de criatividade e garra na indústria automobilística do Brasil. Em um mercado que exigia muita paixão e coragem, a Adamo deixou sua marca com modelos esportivos únicos, fabricados em pequenas quantidades, ajudando a moldar a cultura automotiva brasileira. Neste texto, vamos dar uma volta pela história da Adamo, seus modelos icônicos, os perrengues que enfrentou e o impacto que teve na estrada automotiva do Brasil.
A Origem
A Adamo começou com uma ideia ousada do Milton Adamo, que enxergou nos carros esportivos uma chance de diversificação para a fábrica de móveis da família em São Paulo. Inspirado no sucesso da Puma, a Adamo lançou seu primeiro protótipo no VI Salão do Automóvel de 1968, no estande da Petrobrás.
O modelo de estreia era um esportivo compacto com linhas curvas e motor Volkswagen 1300, mas foi só em 1970 que finalmente entrou em produção, após alguns ajustes aqui e ali. Nascia assim o Adamo GT, um carro que trouxe uma série de inovações, como faróis que se escondem e um design mais sofisticado para a época.
Evolução e Inovações dos Modelos
A Adamo rapidamente se destacou por suas sacadas criativas. Enquanto a concorrência estava lá adaptando plataformas encurtadas da Volkswagen, a Adamo decidiu manter o comprimento original, resultando em um carro que era super estável e mais espaçoso. Isso levou ao surgimento de um modelo que misturava o estilo de um conversível esportivo com as características de um buggy.
Adamo GT
Produzido até 1975, o primeiro GT foi oferecido tanto montado quanto como um kit de montagem. Com cerca de 170 unidades rodando, o carro estabeleceu a Adamo como uma fabricante audaciosa. O design era, além de lindo, prático, com uma capota de vinil que cobria a parte Targa e faróis que se destacavam como os de um buggy.
Adamo GT II
No IX Salão do Automóvel de 1974, a Adamo lançou o GT II, já equipado com motor VW 1500 e um design bem mais chique, lembrando os traços da clássica Ferrari Dino. A versão de produção vinha com o motor VW 1600 e carburadores duplos, mas, vamos ser sinceros, o desempenho ainda deixava a desejar, sendo mais um carro de estilo do que de potência.
Adamo GTL e GTM
Em 1978, a Adamo chegou com tudo no XI Salão do Automóvel com o GTL, elevando a qualidade de seus produtos. Este modelo já vinha com faróis escamoteáveis, painel completo, e bancos anatômicos bem confortáveis. Ele foi um sucesso moderado, com cerca de 700 unidades vendidas até 1980. A versão GTM fez alguns upgrades, como novos para-choques e um porta-malas mais espaçoso, mas acabou tendo que se adaptar a novos desafios econômicos que estavam surgindo.
Adamo CRX 1.8: Um Salto Tecnológico
O grande divisor de águas para a Adamo foi o CRX 1.8, lançado em 1984. Com uma mecânica moderna, incluindo motor refrigerado a água de quatro cilindros e suspensão McPherson, esse modelo mudou tudo, deixando para trás os projetos baseados no Fusca.
Conhecido inicialmente como “Búzios”, o CRX vinha em versões fechadas e targa, mantendo um design que lembrava seus antecessores. Essa aposta em tecnologia foi uma tentativa de garantir que a marca continuasse competitiva em um mercado que já começava a enfrentar dificuldades.
Os Anos de Crise e a Persistência
Nos anos 80, o Brasil agitou com crises econômicas que impactaram heavy a indústria automobilística. Pequenos fabricantes, como a Adamo, sentiram o baque em dobro. Mesmo assim, a empresa conseguiu se manter firme, diversificando sua linha de produtos e produzindo veículos em quantidades pequenas, mas constantes.
O AC 2000, apresentado no XV Salão do Automóvel em 1988, foi uma tentativa de reposicionar a marca. Usando o motor Santana 2.0, o carro contou com linhas mais modernas e um kit de personalização para o Chevrolet Monza.
O Fim da Adamo e Seu Legado
Em 1990, quando o mercado brasileiro foi aberto para importações pelo governo Collor, as pequenas montadoras de carros fora-de-série levaram um golpe baixo. A concorrência com os gringos acabou com o segmento em pouco tempo, fazendo com que várias pequenas empresas fechassem as portas.
Mesmo assim, a Adamo deixou a sua história. Foram aproximadamente 1.700 carros ditos “fora-de-série” fabricados em duas décadas, com destaque para as 600 unidades do CRX, o modelo mais avançado da marca.
Por Que a Adamo Ainda É Relevante em 2025?
Hoje, em 2025, os carros da Adamo são verdadeiras relíquias, super desejadas por colecionadores e apaixonados por automóveis. Modelos bem conservados podem ser avaliados entre R$ 200.000,00 e R$ 400.000,00, dependendo do carinho que receberam ao longo dos anos.
A Adamo é parte fundamental da história automotiva brasileira. Sua jornada é um exemplo de como a paixão e a criatividade podem superar as adversidades de um mercado desafiador. Se você é um entusiasta ou está atrás de um carro único para sua coleção, um Adamo pode ser a chance de ter um pedacinho dessa história incrível.
Vamos valorizar o passado, investir no futuro e manter viva a lembrança da nossa indústria automobilística!