Antes de surgirem os lendários Gol, Voyage, Parati e Saveiro, a Volkswagen tinha um plano ousado no Brasil: apresentar o Polo e suas variações, como o hatch, o Derby (a versão sedã) e a station wagon. Esses carrinhos estavam prontos para brilhar na nova era automobilística do país, mas o Projeto BY, como era chamado, enfrentou alguns obstáculos que o impediram de decolar.
O Contexto do Projeto BY
Mas, mesmo enfrentando esses percalços, o Projeto BY deixou um legado: muitos dos elementos do Polo e suas versões foram utilizados no Projeto BX, fazendo dos modelos resultantes verdadeiros campeões de vendas e ícones da história automobilística do Brasil.
As Semelhanças com o Voyage
Se você der uma olhada no design do Polo europeu e do nosso amado Voyage, vai notar várias semelhanças interessantes. Começando pelas rodas: o Polo tinha aquelas de aço com calotas cromadas, que lembram bastante as versões LS e S do Voyage entre 1981 e 1986. E não podemos esquecer das maçanetas cromadas, retrovisores e frisos laterais, que também viajaram direto do Polo para o nosso sedã compacto.
Na frente, o Polo europeu ostentava faróis redondos e para-choques cromados, detalhes que são quase um flashback para o Passat dos anos 70. E se você dá uma espiada na traseira, as lanternas traseiras do Polo eram tão parecidas com as do Gol até 1986 que dá até pra confundir. E olha, a tampa do porta-malas e o vidro traseiro? Bem, eram praticamente gêmeos do Voyage! Essa relação não é coincidência, a VW usou o sucesso do Polo europeu como base para moldar os futuros compactos do Brasil.
Detalhes Internos: A Influência do Polo
Quando você entra no interior do Polo europeu, vai perceber várias peças que também foram parar no Voyage. Como os mostradores que eram idênticos aos da nossa adorada Brasília. E aqueles componentes do painel, como controles e puxadores? Só apareceriam no Voyage a partir de 1988.
Check só: olhar pro lado do passageiro e ver aquele controle interno do retrovisor? O mesmo usado na linha Voyage LS a partir de 1985. E os puxadores internos das portas? Esses só chegaram por aqui com a linha BX em 1988.
E os bancos do Polo? Esse já eram uma referência pro Voyage. No Polo europeu, eles tinham tecidos mais grossos e resistentes, além de encostos de cabeça ajustáveis. Um padrão que o Voyage adotou mais tarde, dando um upgrade no conforto interno.
Mecânica Avançada para a Época
Nos anos 70, o Polo europeu estava super à frente do seu tempo. Ele já vinha equipado com motores refrigerados a água, variando entre 1.0, 1.4 e 1.6 litros, dependendo da versão e combustível. Um baita contraste com os carros brasileiros da época, que ainda estavam agarrados nos motores refrigerados a ar.
Esses motores ofereciam uma mistura de desempenho e eficiência que o Brasil só iria experimentar anos depois. A VW resolveu simplificar a mecânica no Projeto BX, adaptando tudo à realidade brasileira, onde a manutenção barata e a resistência eram essenciais.
Conclusão: Um Projeto que Deixou Sua Marca
Embora o Projeto BY não tenha saído do papel, ele foi fundamental para a formação da identidade dos compactos da VW no Brasil. Muitos dos elementos de design e soluções técnicas acabaram sendo incorporados no Projeto BX, que resultou em carrões que amamos, como o Voyage.
Ao olhar para o Voyage clássico hoje, é impossível não pensar em como teria sido se o Polo e suas variantes dessem as caras no mercado brasileiro nos anos 70. Com certeza, esses modelos teriam mudado a história do mercado de carro por aqui, mas também teriam que encarar desafios como o preço nas alturas e as normas apertadas do governo.
Em 2024, é irado revisitar essa história e ver como tudo que foi decidido no passado moldou nosso presente. Se você curte a Volkswagen e seus clássicos, reconhecerá a importância desse legado. Afinal, até projetos que não decolam podem deixar uma marca duradoura na indústria automotiva.